sábado, 13 de outubro de 2007

os galhos

João, um cara pegador, sabia que ela havia o deixado.
Não haviam provas, não viu nem ouviu nada, nem sequer um motivo aparente, mas tinha certeza disso.
Decidiu, com todas as suas forças, vingar-se; jurou que iria sair e provar toda a sua capacidade como homem: satisfaria uma mulher, conquistaria seu mojo novamente e, melhor de tudo, mostraria a ela que havia a superado, quando se encontrarem por acaso numa bodega ou num supermercado qualquer.
Era noite, a cerveja ia e voltava, e todos demonstravam estarem contentes. Enquanto isso, João sentia a pressão de seu ego sobre sí e, ao mesmo tempo, a força e a fraqueza do homem dentro dele, ao pensar nela com outro.
A música não o ajudava, muito menos o incentivava.
Seu telefone tocou, era um amigo convidando-o para uma festa
Pensou: "Tô dentro", após isso, no seu telefone veio a voz de uma "amiga" que não via havia muito tempo - "Ei, vem pra cá, quero te ver!".
Seus pensamentos em relação ao convite foram para o espaço.
Sabia que era a chance que precisava, mas por uma repulsa, que inexplicavelmente o dominou após a requisição da moça (talvez pela falta de obstáculos), chegou à conclusão de que tudo o que mais queria era sua casa, um lugar seguro para pensar a respeito do que acabara de acontecer.
Terminou calmamente a conversa, mantendo sua (com)postura de cara pegador. Desligou o telefone, e foi para casa tomar um trago.
Ainda não descobriu o que aconteceu naquela hora,
nem se há de fato um par de galhos em sua testa.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Papo de comadres ( p. I )

As comadres paparicavam:
- Amiiiiga! ficou sabendo do jantar de aniversário do Rosiney Paulete?
- Nãããão, amiga! me contee!
- Você não vai acreditar, amiga, foi o maior bafão!
- Não me diiga!
- Começou tudo bem, amiga, a festa estava linda, glamurosíííssima. Tinham mais de mil convidados na lista!
- Mil?
- Não. Dois mil!
- Oh!
- E ouvi falar que entraram mais de cem pela cozinha e mais de duzentos pelas outras entradas do salão!
- Que horror! Onde já se viu?
- É, mas você ainda não ouviu nada; estava tudo correndo ótimo, até o momento do jantar quando...
- Quando o quêê, amiga?!
- Faltaram guardanapos!
- Nóóó.. guardanapos?
- Guardanapos, para mais de três mil pessoas, amiga! Acredita?
- Ué, mas não eram dois mil?
- Amiiga, você esqueceu que seeempre tem os bicões?
- Correto. Mas e aí?
- Aí os convidados foram à loucura!
- (!)... como assim?
- Quando viram que iam faltar os guardanapos, limparam-se nas toalhas de mesa! E não foi só isso... Quando viram, uns estavam limpando-se nos outros, os seguranças tiveram de intervir!
- E conseguiram acalmar a multidão?
- Não. Aí que REALMENTE começou a baixaria.
- ... (boquiaberta)
- O Rosiney Paulete tentou, de última hora, encomendar os guardanapos, mas, quando eles chegaram, já era tarde demais. Haviam subido nas mesas, entoaram coros em revolta como se fossem hinos; chegaram ao ponto de fazer suas necessidades entre as cadeiras.
- Coitado do Rosiney...
- É, mas ainda não terminou. A comida!A comida foi toda usada para fazerem seus rituais! Da leitoa, foi tirada a cabeça para que usassem como mascara, as pernas como artefatos de adoração. A sobremesa, um pudim lindíssimo de com uvas passas em cima, foi comido por alguns, mas eles não usavam talheres! e se esfregavam no pudim como se ele tivesse algum poder, como se eles quisessem ser possuidos por ele!
- Menina...
- O Rosiney Paulete, coitado, viu sua festa ser destruída por esses animais! Ainda arrancaram o papel de parede do salão e se penduraram em alguns lustres como se fossem árvores. Alguém deles viu o cachorro do Rosiney, o Wesley, e então decidiu jogar para aqueles que estavam em cima dos lustres para que estes brincassem de jogar de um lustre para o outro o coitado do poodle!
- Que selvageria!
- O Rosiney ficou NER-VO-SÍ-SSI-MO,como você sabe, ele considera o Wesley como um filho, e foi defende-lo dos brutos: pegou um garfo e jogou naquele que segurava o cachorro, acertou-o no olho!
- Uau!
(...)
*Fim Parte I